quinta-feira, outubro 13, 2005

Desarmamento
Onde foi parar a isenção jornalística?
Por Vitor Moreira

Acreditar hoje que é possível ser imparcial, quando se trata de jornalismo, é quase uma utopia. O ato de escrever, em si, já traz incipiente uma parcialidade. Entretanto, deve-se ainda prezar a isenção na apuração dos fatos, a apresentação dos dois lados da moeda, qualquer seja o assunto. Pois bem, apesar disso, a Veja mais uma vez nos deu uma aula de como não se fazer jornalismo (o que, sinceramente, já não espanta mais tanta gente).

Segundo as normas eleitorais do referendo, definidas pelo TSE, as emissoras de rádio e tv estão proibidas de veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a qualquer das propostas da consulta popular. Entretanto, nada se fala sobre a mídia impressa. Valendo-se disso, a Veja, defendendo seus interesses político-econômicos, publicou no dia 5 de outubro a capa: 7 razões para votar não, ignorando completamente os argumentos que poderiam levar uma pessoa a votar no "sim".



Passada uma semana da escandalosa matéria da Veja, a Istoé, se contrapondo à concorrente, também trouxe o tema do desarmamento em sua chamada de capa.

Como uma imagem vale mais que mil palavras, faz-se desnecessário verbalizar o abismo moral que diferencia a postura das duas revistas sobre esse assunto. Obviamente, a "coincidência" em apontar 7 motivos para votar "não" e 7 motivos para votar "sim", aliada ao destaque dado a frase: Só você decide foi uma forma de afrontar a Veja, visando sua desmoralização, ou seja, houve também um forte apelo ecônomico por detrás. De qualquer forma, palmas para a Istoé. E pra Veja... bem, melhor deixar pra lá.