Do dever do jornalista
Perante um momento em que um mar de denúncias assola o país, uma discussão constantemente pautada vem à tona novamente: qual o lugar do jornalismo como agente denunciador?
Deve um jornal, ou mais especificamente um jornalista, dar crédito a qualquer novo personagem que surja e suas histórias? Até onde deve-se e ir e arriscar em busca de um furo?
O caso da Escola Base, em São Paulo, é um exemplo recente e trágico dessa corporificação denuncista da mídia. Atrás da notícia exclusiva e da maior vendagem, todos os veículos de comunicação do país publicaram acusações, desmascaradas posteriormente, de três crianças de seis anos de idade.
Na entrevista coletiva que deu à imprensa, para responder às denúncias publicadas na revista Veja, o Ministro da Fazenda Antônio Palloci tocou nessa ferida. O Ministro afirmou ter receio de como os fatos são tratados na imprensa. Segundo ele, uma denúncia infundada é publicada no domingo, repetida em dois ou três jornais na segunda-feira e aquilo já vira verdade absoluta. Depois, quando o fato é desmentido, essa mesma imprensa, convenientemente, esquece de publicar. A própria Veja, por exemplo, até hoje não voltou atrás nas afirmações que fez, nem apresentou o suposto e-mail que teria originado a matéria.
Entendo que no atual contexto de crise, deixar de veicular qualquer fato novo significa prejuízo. Porém, não deveria o compromisso com a verdade e com o leitor vir primeiro que a ótica mercantilista?
Como podemos perceber, o buraco é mais embaixo.
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